Nutrição no Pneumopata Crônico
Nutrição no Pneumopata Crônico

Segundo a Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, no Brasil, as doenças do aparelho respiratório ocupam o 4º lugar como causas de mortalidade mundial, sendo a pneumopatia crônica predominante, o que gera impacto econômico e altas taxas de morbimortalidade entre a população.
Um fator importante e muitas vezes não levado em consideração entre essa população é o devido cuidado com o suporte nutricional. Entre os pneumopatas, a desnutrição é listada como característica frequente e é associada ao aumento da morbimortalidade deste grupo. Tendo como principais fatores contribuintes: a diminuição na ingestão calórica por alteração na regulação do apetite, desconforto causado pela dispneia, distúrbios metabólicos e fatores socioeconômicos.

A desnutrição pode acarretar além do enfraquecimento muscular generalizado e piora do quadro clínico, alterações funcionais na respiração, termorregulação, diminuição da resposta imunológica, resistência à infecção e retardo da cicatrização de lesões teciduais. Desta forma, se faz de extrema relevância no tratamento dos pneumopatas crônicos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral e a Associação Brasileira de Nutrologia, a dieta mais recomendada para pneumopatas seria hiperlipídica, hipoglicídica e normoproteíca, pois o alto teor de gordura e o baixo teor de carboidrato irá minimizar a produção de dióxido de carbono e desta forma as complicações respiratórias.

A recomendação nutricional mais atual para os doentes pulmonares crônicos é de aproximadamente 25 a 30kcal/kg/dia para homens e 20 a 25kcal/kg/dia para mulheres. Tendo um aumento de 500 a 1000kcal/dia para auxiliar no ganho de peso na desnutrição e diminuição de 500kcal/dia no paciente obeso em relação ao gasto energético total.

Na dieta, pode ser acrescentado como suporte nutricional: ômega-3 (semente de uva, linho, canola, nozes, gérmen de trigo, soja), ômega-6 (óleo de milho, girassol, açafrão), glutamina, arginina, L-carnitina visando a melhora da função imunológica. A alimentação do pneumopata deve ser rica em: legumes e vegetais (pelo menos uma porção diária), frutas diversas, cereais e hortaliças. Além de alimentos ricos em vitamina A, B2, C e E, selênio, manganês, zinco, magnésio e aminoácidos sulfurados, que irão atuar prevenindo doenças como hipertensão e diabetes mellitus e no equilíbrio de formação de radicais livres.

A terapia nutricional por si só não é capaz de impedir ou melhorar o processo de pneumopatia crônica, sendo necessária a associação de medidas como entrada em um programa de reabilitação pulmonar, a correção de hipoxemia, uso de terapia medicamentosa, controle inflamatório e mudanças nos hábitos para o sucesso do tratamento.

Referências
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Projeto Diretrizes: Terapia Nutricional no Paciente com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – 2011. Acessado em: 23/03/2015. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/9_volume/terapia_nutricional_no_paciente_com_doenca_pulmonar_obstrutiva_cronica.pdf

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